O dia 23 de maio deveria ser lembrado pela morte de quatro jovens paulistas, depois de 91 anos o MMDC, está cada dia mais esquecido pelos paulistas, conhecido também com o Dia da Juventude Constitucionalista a data não tem mais as mesmas comemorações nas escolas e centros cívicos do Estado de São Paulo.
Mas afinal o que significa MMDC?
Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antonio Américo de Camargo Andrade – foram mortos em choque com a polícia numa manifestação no centro de São Paulo, no ano de 1932. Os jovens protestavam contra o governo de Getúlio Vargas, instalado após outra revolução, a de 1930.
E um dos Ms é de Miragaia, sobrenome de Euclides, um dos mortos na ação. Nascido em São José dos Campos, Euclides Bueno Miragaia, foi morto aos 21 anos, o joseense foi enterrado no cemitério Padre Rodolfo Komorek no centro da cidade, onde até foi colocado um mosaico com a bandeira de São Paulo. Anos depois, seus restos mortais foram transferidos para a capital paulista.
As iniciais dos nomes dos quatro estudantes – MMDC – passaram a ser o símbolo da luta de São Paulo por uma Constituição. O movimento que teve início com a morte dos quatro estudantes eclodiu finalmente no dia 9 de julho numa rebelião armada que passou para a História com o nome de Revolução Constitucionalista de 32.
No mesmo evento, que causou a morte dos quatro estudantes, um outro jovem, Orlando Alvarenga, foi baleado, mas ele faleceu meses depois, ficando fora da sigla MMDC. Segundo textos históricos, ele faleceu exatamente dois dias após o então governador Pedro de Toledo ter assinado um decreto oficializando a sigla MMDC como símbolo da Revolução Constitucionalista de 32.
Euclides Bueno Miragaia nasceu em São José dos Campos no dia 21 de abril de 1911, filho de José Miragaia e Emília Bueno Miragaia. Estudou na Escola de Comércio Carlos de Carvalho e na época trabalhava como auxiliar no Cartório de seu tio, na capital paulista.
Esta organização (anteriormente denominada de “Legião Revolucionária”) era encabeçada por Miguel Costa e congregava militares, políticos e ex-integrantes da Coluna Prestes, e servia como suporte político-militar para os interesses da ditadura de Getúlio Vargas então vigente.
Naquela ocasião, alguns manifestantes tentaram invadir a sede daquela organização, e como resposta os soldados então situados dentro do prédio se posicionaram nas janelas e lá iniciaram fuzilaria sobre os manifestantes.
Miragaia foi um dentre aqueles que foram alvejados e veio a óbito no mesmo local, tendo sido sepultado em sua cidade natal.
Outros Heróis
A região do Vale do Paraíba, aliás, está cheio de ‘heróis’ da Revolução de 32. Uma respeitada figura é a de Manoel de Freitas Novaes, o capitão Neco, que atuava em Cruzeiro e foi rendido por rivais. Respondeu ‘Um paulista morre, mas não se rende’, e foi morto por tropas getulistas.
Outro é o lavrador Paulo Virgínio, de Cunha, que, mesmo torturado, se recusou a dar informações sobre os paulistas para o exército federal. “Morro, mas São Paulo vence.”.
Acervo do Pró-Memória retrata a participação do município na Revolução de 1932
O obelisco MMDC, instalado no Banhado, recorda a participação do joseense Euclides Miragaia no movimento constitucionalista de 32
A Revolução Constitucionalista de 1932 tem sua história retratada no Pró Memória, acervo arquivístico e iconográfico do município hospedado no site da Câmara Municipal. A importância da data para a cidade se amplia pelo fato de um dos quatro estudantes mortos durante a Revolução de 32 ser joseense, o mártir Euclides Miragaia.
Entre os materiais, há registros fotográficos da “Comemoração da Revolução”, pelo fotógrafo Amado, em 1964, no Banhado, com a participação de diversas autoridades. No local está instalado o obelisco MMDC – sigla que representa o nome dos mártires do movimento constitucionalista, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
Também é possível encontrar na página o conteúdo do livro “A Revolução de 32 e seu protomártir Miragaia”, lançado em fevereiro de 1988 e desenvolvido por Geraldo Marcondes Cabral, vereador da Câmara durante a 5ª Legislatura, de 1964 – 1969. O arquivo digital está dividido em quatro partes e traz a participação do município na Revolução de 32, com citações a Miragaia.
Imagens originais do álbum “Revolução de 32” traz distintivos, emblemas, símbolos, selos e cartazes, executados por ocasião da histórica data do movimento deflagrado naquele ano em São Paulo. O acervo conta também com imagens de uma exposição fotográfica na antiga sede da Associação Esportiva São José, realizada em 1982, assinada pelo fotógrafo Miura.
Revolução Constitucionalista de 1932
Movimento de insurreição contra o governo provisório de Getúlio Vargas ocorrido de julho a outubro de 1932, em São Paulo. Os insurgentes exigem a convocação da Assembleia Constituinte prometida por Vargas em sua campanha pela Aliança Liberal e na Revolução de 1930. Além dos interesses da oligarquia paulista, a Revolução Constitucionalista tem raízes na tradição liberal democrática de amplas alas da sociedade urbana estadual.
Derrotados pela Revolução de 1930, setores da oligarquia paulista defendem a instalação de uma Constituinte com o objetivo de fazer oposição ao governo provisório.
Vargas é acusado de retardar a elaboração da nova Constituição. No início de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático (PD) aliam-se na Frente Única Paulista e lançam campanha pela constitucionalização do país e pelo fim da intervenção federal nos estados.
A repercussão popular é grande. As manifestações multiplicam-se e tornam-se mais fortes. No dia 23 de maio de 1932, durante comício no centro da cidade de São Paulo, a polícia reprime os manifestantes, causando a morte de quatro estudantes.
Em sua homenagem, o movimento passa a chamar-se MMDC – iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os mortos – e amplia sua base de apoio entre a classe média.
Batalhões de voluntários
Em 9 de julho começa a rebelião armada, proclamada pelo ex-governador paulista Júlio Prestes e pelo interventor federal Pedro de Toledo, que aderira à campanha constitucionalista. Milhares de voluntários civis são incorporados aos batalhões das forças estaduais. Seu efetivo chega a 40 mil homens, deslocados para as três grandes frentes de combate, nas divisas com Minas Gerais, Paraná e no Vale do Paraíba.
Os comandantes militares Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclydes Figueiredo, contudo, sabem que as forças federais são superiores. Eles contam com a adesão e o apoio prometidos por outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Mas o reforço não chega, e São Paulo é cercado pelas tropas legalistas. Depois de negociações, envolvendo anistia aos rebeldes e facilidades para o exílio dos líderes civis e militares do movimento, os paulistas anunciam sua rendição em 3 de outubro de 1932.
Com Informações do site Migalhas: https://www.migalhas.com.br/quentes/39554/23-de-maio–mmdc-ou-mmdca