A capitão engenheira Mayara Murça venceu o Prêmio Ester Sabino para Mulheres Cientistas, realizado no dia 11 de fevereiro e entregue por meio de cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes. O evento é uma realização da USP (Universidade de São Paulo) e tem como objetivo valorizar pesquisadoras que contribuem para o desenvolvimento científico no Estado de São Paulo.
As vencedoras foram a Professora Emérita da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Maria Helena de Moura Neves, e a capitã engenheira da Força Aérea Brasileira, Mayara Condé Rocha Murça, ligada ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Ambas receberam uma placa alusiva à premiação e uma escultura.
Com a vitória, Mayara Murça se tornou a primeira mulher a vencer o prêmio representando o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
A escolha das premiadas foi feita, dentre 174 candidatas inscritas, por uma banca formada por representantes de instituições de ensino e de pesquisa a partir da análise do currículo Lattes. Foram levados em conta critérios como formação e experiência profissional; produção acadêmica; formação de recursos humanos qualificados e novas lideranças; premiação nacional ou internacional; e a relevância de contribuição acadêmica para a sociedade. Também foi realizada uma votação eletrônica aberta ao público, que recebeu mais de 14 mil votos, vencendo o Prêmio Ester Sabino.
“As mulheres que estão aqui tiveram que lutar muito, enfrentaram barreiras e foram além. Fiz questão que esse prêmio acontecesse para que ele virasse regra e não exceção. Agradeço à Ester Sabino, que tem conduzido essa caminhada do papel da mulher não só como cientista, mas também como liderança”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
O Prêmio Ester Sabino
Definido pela Assembleia Geral da ONU como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o prêmio é uma homenagem à professora da Faculdade de Medicina da USP, Ester Cerdeira Sabino — médica, imunologista e ex-diretora do Instituto de Medicina Tropical, que liderou o sequenciamento do genoma do coronavírus.
A homenagem foi instituída em 2021, pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, para premiar duas mulheres cientistas nas categorias Pesquisadora Sênior, direcionada para cientistas com idade acima de 35 anos, com carreira nacional e internacional consolidada e com contribuições relevantes para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado; e Jovem Pesquisadora, destinada a cientistas com idade até 35 anos, com destacado potencial científico.
A professora Ester Sabino destacou que “em um momento em que a ciência tem sido tão atacada, me sinto muito honrada com essa premiação que leva meu nome. Por que será que há tanta dificuldade para a mulher chegar a posições mais altas na área científica? Quando eu tinha oito anos, ingressei no segundo ano em uma escola que premiava os melhores alunos. Eu ganhei e, no ano seguinte, também. Quando estava no quarto ano, comecei a errar para não ganhar. Achava que aquele não era o meu lugar. Quando a gente percebe essa força invisível, precisamos mudar”.
Muito emocionada, a docente do Instituto de Química da Unesp e presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), Vanderlan Bolzani, contou que chegou a São Paulo vinda da Paraíba, aos 24 anos, “com uma bolsa da Fapesp debaixo do braço para fazer minha carreira na USP. Sou uma paraibana, uma pau de arara. Nesse mundo polarizado e negacionista, é uma honra estar nesse prêmio, com mulheres protagonistas da ciência e reconhecidas internacionalmente”.
“Para enfrentar os desafios do século 21, precisamos aproveitar todo o nosso potencial. Isto requer desmantelar estereótipos de gênero. Isto significa apoiar carreiras de mulheres cientistas e pesquisadoras.” Com essa fala, o secretário-geral da ONU, António Guterres, define uma das principais barreiras no alcance da equidade entre gêneros: a conquista de espaço pelas mulheres e meninas nas ciências.
Engenheira Mayara Murça – ITA
Capitão Engenheira PhD da Força Aérea Brasileira Mayara Murça. Possui graduação em Engenharia Civil-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (2011), mestrado em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (2013) e doutorado em Aeronáutica e Astronáutica pelo Massachusetts Institute of Technology (2018). É Chefe da Divisão de Engenharia Civil do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e coordenadora do Laboratório de Gerenciamento de Tráfego Aéreo.
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