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Data: 23/11/2024

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23/11/2024 15:02

Inflação: Preço do Creme Dental pode variar em 578%

A disparada da inflação, que bateu 10% em 12 meses até setembro, segundo o IPCA-15, trouxe um problema adicional para os brasileiros na hora de ir às compras: uma grande variação de preço de um mesmo produto entre estabelecimentos diferentes.

Levantamento das cotações de 15 itens de consumo básico, entre alimentos e produtos de higiene e limpeza, revela diferença de até 578% no preço do mesmo creme dental. A embalagem do produto com 90 gramas, da mesma marca, foi encontrada pelo menor preço de 1,18 real e o maior, de 8 reais.

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Discrepâncias de inflação na casa de três dígitos entre a maior e a menor cotação de um mesmo produto — algo que não era incomum encontrar antes do Plano Real — também foram constatadas no leite de caixinha (408,3%), sabonete (328,3%), macarrão (184,3%), sal (155,2%), feijão (126,8%), café (106,7%) e detergente líquido (104,7%). O óleo de soja e o arroz apareceram na pesquisa com variações de 69,5% e 70,7%, respectivamente.

O levantamento, feito a pedido do Estadão pelo economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, mostra que todos os 15 itens registraram variações de inflação significativas. A diferença mais modesta, de 20,8%, apareceu no pão de forma industrializado, cujo maior preço foi 7,20 reais e o menor, de 5,96 reais.

Inflação

Os preços foram pesquisados na última sexta-feira, por meio da ferramenta do Google Shopping Brasil. Entre os critérios usados para fazer o levantamento, de âmbito nacional e que incluiu grandes varejistas, estão o fato de o produto ser representativo do consumo básico do brasileiro e estar disponível em pelo menos dez lojas físicas ou virtuais.

“As variações de inflação entre o maior e o menor preço de um mesmo produto tendem a aumentar geralmente quando as expectativas de inflação são divergentes”, afirma Bentes.

No momento atual, em que a inflação em 12 meses passa de 10%, e as expectativas de inflação, segundo o Boletim Focus do Banco Central, são crescentes por 25 semanas seguidas (cerca de seis meses), estabelecer um preço é uma tarefa bastante complexa, diz Bentes.

“A dispersão entre o maior e o menor preço é alimentada pelas expectativas de inflação maior, porque, quando os agentes econômicos vão formar preço, eles têm de levar em consideração o custo da energia, a negociação com o fabricante e também a expectativa de inflação futura para poder resguardar sua margem”, argumenta.

Essa grande variação de preços é resultado das estratégias escolhidas pelos varejistas de inflação . “Não são todos os varejistas que vão colocar gordura nos preços, há aqueles que vão manter preço baixo para tentar ganhar no volume de venda.” O resultado dessas estratégias é uma grande dispersão de preços.

Disparada dos preços do gás, falta de trabalhadores, escassez de navios — as pressões sobre os preços em todo o mundo podem estar aumentando mais rápido do que o previsto, desafiando a visão de que a inflação será transitória.

Os banqueiros centrais, embora confiantes de que inflação arrefecerá, estão começando a admitir que ela pode ficar elevada por mais tempo à medida que uma série de questões eleva os preços de bens e serviços e aumenta as expectativas de inflação.

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Em última análise, suas conclusões determinarão a rapidez com que as autoridades vão reduzir seus trilhões de dólares em estímulo monetário, desembolsados para compensar a crise da Covid-19.

Os preços do gás na Europa e nos EUA dispararam mais de 350% e 120%, respectivamente, este ano. O petróleo está em alta de cerca de 50% e o Goldman Sachs espera que o Brent atinja 90 dólares o barril até o final de 2021, ante cerca de 80 dólares atualmente.

Muitos economistas consideram que os preços mais altos do gás vieram para ficar, devido à desaceleração da produção dos EUA, aumento dos custos das licenças de emissão de carbono para poluidores e freios no uso de combustíveis mais poluentes.

Enquanto isso, na China, onde a inflação ao produtor atingiu 9,5% em agosto, cortes de energia reduziram a produção de bens de cimento a alumínio.

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