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O economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ex-deputado federal, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos, em São Paulo.
Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista, desde 5 de agosto, tratando de problemas de saúde. Segundo a assessoria do ex-ministro, o velório e o enterro serão apenas para familiares. Delfim Netto deixa uma filha e um neto.
Conhecido como Delfim Netto, ele liderou o Ministério da Fazenda entre 1967 e 1974, durante o período da ditadura militar que ficou marcado pelo chamado “milagre econômico” sob os governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Apesar do crescimento econômico em certos setores, a desigualdade social aumentou consideravelmente.
Delfim Netto também foi um dos signatários do Ato Institucional nº 5, que intensificou a repressão no país. Em sua assinatura do AI-5, ele declarou: “Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente.”
Em uma entrevista ao UOL em 2021, Delfim Netto afirmou que, se pudesse, assinaria novamente o decreto, embora tenha recuado em parte da ideia, refletindo: “Eu voltaria a assinar o AI-5. Eu tenho dito isso sempre. Aquilo era um processo revolucionário, vocês têm que ler jornais daquele momento. As pessoas não conhecem história, ficam julgando o passado, como se fosse o presente. Naquele instante foi correto, só que você não conhece o futuro.”
Ele reconheceu que, na época da assinatura do AI-5, o objetivo era proteger o cidadão, e não prejudicá-lo. “Hoje nós sabemos para onde queremos ir e aprendemos que só existe um mecanismo para administrar esse país e levá-lo ao progresso, que é o fortalecimento do processo democrático. Isso é um aprendizado”, disse na mesma entrevista.
Além de seu papel no Ministério da Fazenda, Delfim Netto atuou como ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura em 1979, e embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977. Em 1986, foi eleito deputado federal e participou da Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988, sendo reeleito quatro vezes consecutivas e atuando na Câmara dos Deputados até 2007.
Nos últimos anos de sua vida, Delfim Netto escreveu regularmente para a Folha de S. Paulo, Valor Econômico e revista Carta Capital.