Cerca de 80 pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que trabalham no projeto de monitoramento do desmatamento da Amazônia e demais biomas brasileiros temem que os trabalhos sejam paralisados devido à falta de pagamento. Eles são bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), cujos contratos se encerram no próximo dia 31 e para os quais ainda não houve renovação.
“São 78 bolsistas que estão nos PRODES de todos os biomas, DETER e Terraclass e que correm o risco de não ter a bolsa implementada a tempo, de ficarmos sem salário em dezembro e talvez até janeiro, se o novo contrato não for assinado a tempo para entrar em vigor e as bolsas implementadas até dia 5/11. Com isso, as atividades do monitoramento devem ser paralisadas”, disse uma bolsista que preferiu não se identificar.
“Estamos nos mobilizando nas redes sociais, utilizando principalmente a #renovaPRODES, e tentando de alguma forma fazer barulho para que haja alguma pressão quanto a isso […] estamos bem desesperados, porque já não temos nenhum benefício e, se não forem implementadas as novas bolsas a tempo, ficaremos sem salário em pleno final de ano”, completou a bolsista.
Segundo a coordenação do programa de monitoramento por satélite do INPE, a renovação ainda não foi efetivada porque o CNPQ mudou os ritos de aprovação.
“Agora [o projeto] passa por uma análise da Procuradoria do CNPQ e isso causou uma demora maior do que a esperada. Clézio [Clézio De Nardin, diretor do INPE] está em Brasília hoje e vai falar com o presidente do CNPQ para buscar uma solução”, explicou o pesquisador Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do INPE.
Atualmente, o presidente do CNPQ é o pesquisador Ricardo Galvão, que dirigiu o INPE entre 2016 e 2019 e conhece bem o Instituto.
Segundo Cláudio Almeida, o projeto em questão já passou por todas as análises e áreas técnicas do INPE e do CNPQ e agora só aguarda a aprovação da Procuradoria Especializada do Conselho. Caso não seja aprovado a tempo, os diretores também analisam a possibilidade de pagamento retroativo aos bolsistas.