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Data: 23/11/2024

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23/11/2024 04:45

Preço dos alimentos subiu 15% no país, quase o triplo da taxa oficial de inflação

Em 12 meses desde o início da pandemia do novo coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% no país, quase o triplo da taxa oficial de inflação do período, que ficou em 5,20%, informou nesta semana o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a primeira divulgação do IPCA compreendendo 12 meses sob influência da pandemia, decretada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) no dia 11 de março de 2020. Com forte pressão dos reajustes da gasolina, o índice voltou a acelerar em fevereiro, fechando o mês em 0,86%, ante 0,25% no mês anterior. Segundo o IBGE, foi a maior alta
para fevereiro desde 2016.

Com a alta dos alimentos, a taxa acumulada em 12 meses chegou a 5,2%, a maior desde janeiro de 2017 e próxima do teto de 5,25% estabelecido pelo Banco Central. A escalada dos preços dos alimentos atingiu em cheio o consumidor já no início da pandemia, tornando ainda mais difícil a travessia dos meses de isolamento social e perda de renda provocada pelo fechamento de negócios e aumento do desemprego.

Preço dos alimentos com porcentagem de alta nos últimos 12 meses

Cereais, leguminosas e oleaginosas 57,83

Óleos e gorduras 55,98

Tubérculos, raízes e legumes 31,62

Carnes 29,51

Frutas 27,09

Hortaliças e verduras 23,30

TV, som e informática 18,62

Joias e bijuterias 17,92

Carnes e peixes industrializados 16,35

Leites e derivados 15,44

Cama, mesa e banho 14,29

Combustíveis (domésticos) 13,38

Aves e ovos 13,26

Enlatados e conservas 13,16

Consertos e manutenção 10,34

Açúcares e derivados 10,15

Fonte: IBGE

Nestes 12 meses de pandemia, o preço do óleo de soja subiu 87,89%, o arroz ficou 69,80% mais caro e a batata está custando 47,84% a mais. O preço do leite longa vida, outro produto sob grande pressão, subiu 20,52%.

Entre os grupos de alimentos pesquisados pelo IBGE, as maiores altas ocorreram em cereais, leguminosas e oleaginosas (57,83%), óleos e gorduras (55,98%), tubérculos, raízes e legumes (31,62%), carnes (29,51%) e frutas 27,09%.

Em 2020 o governo chegou a anunciar medidas para tentar conter a escalada, como a isenção de impostos para a importação de arroz, soja e milho, mas os impactos foram pequenos. A alta é explicada pelo mercado como um efeito combinado de uma mudança na cesta de consumo do brasileiro, que passou a comer mais em casa, aliada ao aumento da demanda internacional por commodities agrícolas e desvalorização cambial, que impacta o preço
dos produtos em reais.

“Não foi exclusividade do Brasil. Quando olhamos para outros países, a inflação tem uma cara parecida”, diz a economista do Itaú Júlia Passabom. “O que deixa nosso momento particularmente intenso é o câmbio.”

Pelo lado da demana interna, os efeitos do desemprego foram parcialmente compensados pela distribuição do auxílio emergencial pelo governo. Ainda assim, diz Passabom, a escalada dos preços dos alimentos come uma parcela cada vez maior da renda das famílias, principalmente as de renda mais baixa.

Os efeitos desse cenário adverso, diz, devem ter impactos no ritmo do consumo e ajudar a segurar a atividade econômica este ano. Segundo o IBGE, a suspensão do auxílio emergencial, em dezembro, já vem tendo efeitos
nas gôndolas: com menor procura, a inflação dos alimentos desacelera desde o fim de
2020.

Em fevereiro, o grupo alimentos e bebidas teve inflação de 0,27%, menos do que os 1,02% registrados em janeiro, quedas nos preços de produtos como batata-inglesa (-14,70%), tomate (-8,55%), leite longa vida (-3,30%) e óleo de soja (-3,15%).

A Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou que o setor voltou a registrar deflação depois de um ano, com queda de 0,5% no preço dos produtos vendidos. Os principais motivos, diz, foram “a ausência do Carnaval e a espera do
consumidor por novos auxílios”.

O gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov, avalia que ainda é difícil prever o comportamento do preço dos alimentos nos próximos meses. “No caso da soja, por exemplo, tem expectativa de safra recorde, que pode baixar o preço, mas também tem a questão do dólar que pode ter impacto para cima”, comentou.

Para o Itaú, a desaceleração é natural nesta época do ano e os alimentos seguirão pressionados em 2021, fechando o ano com alta acumulada de 6%, ainda sob forte efeito da depreciação do real.

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