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O queijo Morro Azul, da Vermont Queijos Especiais, foi o vencedor da terceira edição do Mundial do Queijo do Brasil, que aconteceu nesta sexta-feira (12) no Teatro B32, na avenida Faria Lima, em São Paulo. O resultado em si foi anunciado em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes.
O concurso brasileiro é realizado em parceria com o francês Mundial de Tours, uma das mais importantes competições internacionais do setor – cujo reconhecimento era um critério de seleção dos queijos que Lula deu ao presidente francês Emmanuel Macron.
Produzido em Pomerode, no interior de Santa Catarina, o Morro Azul é um queijo de sabor suave e massa supercremosa, cuja estrutura vem de uma cinta de carvalho que o envolve. Para comê-lo, corta-se a tampa do queijo e se come apenas o seu interior cremoso. Cada peça de 125g custa cerca de R$ 35 – em São Paulo, supermercados como o Santa Luzia e o St. Marché vendem o produto.
“É um queijo que conquista pela característica sensorial. Ele tem notas lácteas e todos os micro-organismos que outros queijos da competição têm, inclusive os suíços, mas com suavidade”, diz o professor Antonio Fernandes, jurado do concurso. É essa suavidade que, segundo ele, conquista o paladar à primeira prova.
“É um queijo que soube equilibrar a ciência com o que há de melhor na nossa cultura, resultando em um queijo muito lácteo. É tudo o que nós esperamos da profissionalização do queijo no Brasil”, diz o professor.
Fernandes foi o responsável por pinçar o Morro Azul dentre os quase cem premiados com medalhas super ouro na primeira fase do concurso, que entregou também 149 medalhas de ouro, 150 de prata e 200 de bronze. A escolha do professor levou o Morro Azul à segunda fase, na qual um time de jurados de diferentes nacionalidades provam e dão notas a 15 dos 99 reconhecidos com a medalha super ouro. Cerca de 1.900 queijos e produtos lácteos foram inscritos.
O Morro Azul ficou empatado com o suíço Le Gruyére AOP Réserve 14 Meses, ambos com uma média de 6,13 pontos, em uma escala que vai de 3 a 7. Mas o brasileiro foi o favorito da comissão de jurados responsáveis pelo desempate.
Orgulhosos da sua produção, os irmãos Juliano e Bruno Mendes, da Vermont Queijos Especiais, estavam presentes na degustação final dos jurados. Para eles, o grande trunfo do Morro Azul está na seleção das culturas lácteas da receita, que tem alta umidade, mofo e micro-organismos que dão ao queijo sabor e textura suaves – e o transformam ao longo do seu tempo de validade, que é de 60 dias.
“Quando ele é novo ele é um queijo bem suave, e perto da validade ele já fica bem mais complexo, com menos acidez e mais cremosidade”, explica Juliano Mendes, que vem se acostumando às premiações que sua criação recebe. Nas duas edições anteriores do Mundial de Queijos do Brasil, o Morro Azul ganhou medalha de ouro. E também ganhou medalha super ouro nas duas últimas edições do World Cheese Awards.
“É um orgulho enorme para nós, que começamos com uma produção pequena, sem saber onde íamos chegar, receber todo esse reconhecimento”, diz Bruno.
Para Débora Pereira, diretora da SerTãoBras, a associação brasileira de queijeiros artesanais, que produz o Mundial de Queijos do Brasil, o concurso valoriza os produtores de queijos brasileiros, que têm sido “a namoradinha do Brasil”.
“O queijo brasileiro tem uma microflora, um terroir, bactérias que dão sabor e personalidade a eles. Temos regiões únicas, que deixam os queijos mais especiais”, diz ela, que também é mestre queijeira da Guilde Internationale de Fromagers. “Não é só pelo nosso charme que esses gringos estão aqui. É porque o nosso queijo é muito bom. Ele vai ser tão famoso quanto a picanha e a cerveja.”