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22/11/2024 18:33

7 de setembro: Por que D. Pedro proclamou a independência?

A cena, que passou para a História como a imagem oficial e marco simbólico da nossa Independência, não reflete o que ocorreu de fato

A independência começou cinco dias antes do 7 de setembro, em 2 de setembro, as novas ordens vindas de Lisboa chegaram ao Rio de Janeiro, D. Pedro estava em São Paulo, com o objetivo de resolver disputas pelo controle da Junta Provincial paulista. A princesa D. Leopoldina e o ministério de José Bonifácio, tomando conhecimento das últimas notícias vindas de Portugal, resolveram enviar as ordens das Cortes, juntamente com cartas da princesa, dos ministros e de sir Chamberlain, representante inglês no Rio de Janeiro.

7 de setembro Independência
Com as novas ordens das Cortes portuguesas, D. Leopoldina reuniu o Conselho de Estado e enviou a D. Pedro as notícias, por meio de cartas entregues às margens do Riacho do Ipiranga. Óleo sobre tela de Georgina de Albuquerque, 1922. Domínio público, Senado Brasileiro

O correio alcançou D. Pedro no dia 7 de setembro de 1822, às margens do Riacho do Ipiranga. Ao receber os decretos e a correspondência, proclamou a Independência, retirando de seu chapéu as fitas com as cores vermelha e azul das Cortes portuguesas. Formalizava-se a separação entre Brasil e Portugal.

Na visão da historiografia romântica do século XIX, o dia 7 de setembro foi escolhido para marcar o momento de nossa emancipação política, apesar de a Independência ter se concretizado, na realidade, em agosto, com os manifestos de Gonçalves Ledo e José Bonifácio e com o decreto de D. Pedro declarando inimigas as tropas portuguesas que aqui desembarcassem.

7 de Setembro independência
Enquanto Pedro Américo optou pela visão heroica do grito da Independência, o pintor François-René Moureau preferiu representar as reações ocorridas com a proclamação. Óleo sobre tela (244 x 383 cm) de 1844. Domínio público, Museu Imperial

A concepção da historiografia romântico-oficial pode ser observada no quadro do pintor Pedro Américo, que retrata o Sete de Setembro sob uma visão heroica. Nele, D. Pedro, no alto da colina do Ipiranga, envergando uniforme de gala e montando um belo cavalo, acompanhado de seus dragões, erguia a espada e gritava solene: “independência ou morte”.

A cena, que passou para a História como a imagem oficial e marco simbólico da nossa Independência, não reflete o que ocorreu de fato.

No Rio de Janeiro e nas províncias próximas, a Independência foi saudada com entusiasmo. Absolutistas, aristocratas e democratas, que incentivaram o rompimento com as Cortes, acreditavam poder, a partir desse momento, realizar seus projetos políticos. Para os absolutistas, o Sete de Setembro significava a derrota das forças constitucionalistas em Portugal, que limitavam o absolutismo do rei. Para os democratas, o ato do Ipiranga representava o início de mudanças mais profundas, permitindo a possibilidade de implantação, no Brasil, de um governo constitucional, em que “a vontade do maior número deve ser a lei de todos”. Para os aristocratas, a Independência era a garantia das vantagens conquistadas desde a instalação da corte no Rio de Janeiro.

Apesar da intensa agitação que ocorria no Rio, as populações rurais do interior mantinham-se indiferentes e mal-informadas sobre os acontecimentos. Segundo relatos do naturalista Saint-Hilaire, em suas viagens pelo Vale do Paraíba paulista, “as revoluções que operam em Portugal e no Rio de Janeiro não tiveram a menor influência sobre os habitantes desta zona paulista; (…) a mudança de governo não lhes fez mal nem bem (…) A única coisa que compreendem é que o restabelecimento do sistema colonial lhes causaria danos, porque se os portugueses fossem os únicos compradores de seu açúcar e café, não mais venderiam suas mercadorias tão caro quanto agora o fazem”.

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A aclamação de D. Pedro I como imperador do Brasil ocorreu no dia em que ele completava 24 anos. Óleo sobre tela de Jean-Baptist Debret. Domínio público, Museu Nacional de Belas Artes

No dia 12 de outubro de 1822, aplaudido por uma multidão reunida no Campo de Santana, no Rio de Janeiro, D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, mas não fez o juramento da futura Constituição.

 

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