A Petrobras afirmou nesta segunda-feira, 27, que os combustíveis devem passar por um novo reajuste para cima nos próximos dias pela defasagem em comparação ao mercado internacional.
Sem citar datas, o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, disse que a manutenção do valor do barril de petróleo tipo brent — usado como referência para a Petrobras — acima de US$ 70 força o aumento dos preços domésticos.
“Acompanhamos o dia a dia desses movimentos, a permanência ou não de uma situação. Vemos o preço do brent se posicionar em um valor elevado, e está sinalizando realmente para a necessidade de reajuste do preço”, afirmou.
Estatal justifica encarecimento do barril de petróleo no mercado internacional para novo reajuste; associação de importadores afirma que gasolina é comercializada com defasagem de 10% no país. A última alteração foi anunciada em julho, com o aumento dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha nas refinarias.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o valor da gasolina no mercado doméstico está 10% defasado, enquanto o óleo diesel acumula diferença de 14%.
A Petrobras afirma que evita passar aos consumidores os aumentos causados pela volatilidade diária e que pauta as mudanças de preços conforme as expectativas do mercado. “Não tomamos a decisão baseados em como está instantaneamente a defasagem do preço, mas sim a expectativa de manutenção ou evolução dela”, disse o diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella.
O presidente da estatal reiterou que a Petrobras não irá alterar a sua política de preços. Desde 2016, o cálculo é baseado na paridade internacional da cotação do barril de petróleo. “Não há mudança na política de preços. Continuaremos trabalhando da forma que sempre fizemos”, afirmou Silva e Luna. A sinalização de reajuste ocorreu horas depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que busca meios de tornar os combustíveis mais baratos.
Em evento na manhã desta segunda-feira, o chefe do Executivo disse que debateu a questão com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. “Temos muitos obstáculos. São intransponíveis? Não, mas depende do entendimento de cada um. Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4 ou menos? O dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é uma realidade. E tem um ditado que diz ‘nada não está tão ruim que não possa piorar’. Nós não queremos isso porque temos um coração aberto”, afirmou.
Preços dos Combustíveis
O preço médio da gasolina comum registrou nova alta na semana passada e segue acima da marca de R$ 6. Os dados foram obtidos por um levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizado entre os dias 19 e 25 de setembro.
Segundo a ANP, o preço médio do combustível no Brasil chegou a R$ 6,092, mostrando um pequeno aumento em relação à última semana, quando o valor médio era de R$ 6,076. Além disso, o levantamento mais recente também mostrou que o preço máximo registrado pela ANP foi de R$ 7,236, encontrado no Rio Grande do Sul. Por outro lado, o Estado que registrou o menor preço mínimo foi São Paulo, com o litro do combustível sendo vendido a R$ 5,049. O preço médio do etanol também registrou alta e foi para R$ 4,715, enquanto o diesel registrou um pequeno recuo, indo para R$ 4,707.
O aumento dos combustíveis é uma das principais forças que puxam a inflação para cima. A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 1,14% em setembro — o maior valor desde 1994 —, e acumulou alta de 10,05% nos últimos 12 meses. O segmento registrou alta de 3%, liderada pelo encarecimento de 4,5% do etanol. A gasolina aumentou 2% — com acumulado de 39% nos últimos 12 meses —, enquanto o GNV encareceu 2%, e o diesel aumentou 1,6%.
- Veja também:
- Termina a Semana Nacional de Trânsito em São José